1. A Contabilidade de Custos ou Industrial é um ramo da Contabilidade Geral ou Financeira que se aplica às empresas industriais. Cuida do registro e controle dos eventos que acontecem na área de produção.
2. Toda vez que uma empresa industrial pretende obter bens, seja para uso, troca, transformação ou consumo, ou utiliza algum tipo de serviço, ela efetua um GASTO. Este é gênero, sendo espécies:
I) investimentos: compreendem basicamente os gastos com aquisição dos bens de uso e dos bens que serão inicialmente mantidos em estoque para que no futuro sejam negociados, integrados ao processo de produção ou consumidos;
III) despesas: são gastos efetuados com bens ou serviços aplicados nas áreas administrativa, comercial ou financeira, visando direta ou indiretamente a obtenção de receitas. As despesas reduzem o lucro, vão para o resultado e diminuem o patrimônio líquido;
II) custos: são gastos efetuados para obtenção de bens e serviços que serão aplicados diretamente na produção de outros bens. Os custos integram o produto, vão para o estoque e aumentam o ativo circulante.
2.1 Custo de fabricação ou custo industrial compreende a soma dos gastos com bens e serviços aplicados ou consumidos na fabricação de outros bens. São três os elementos componentes do custo de fabricação:
I) Materiais: são os objetos utilizados no processo de fabricação:
a) matéria-prima;
b) materiais secundários;
c) materiais auxiliares;
d) materiais de embalagens;
II) Mão-de-obra: é o esforço humano aplicado na fabricação de produtos, pago com salários e outros benefícios legais ou convencionais;
III) gastos gerais de fabricação: são os demais gastos não enquadrados como mão-de-obra e materiais, tais como alugueis, telefonia, etc.
Em relação aos produtos fabricados, os custos se classificam em:
I) diretos: são os gastos com materiais, mão-de-obra e gastos gerais de fabricação aplicados diretamente na fabricação dos produtos. Podem ser facilmente identificados em relação a cada item fabricado, pois integram os bens produzidos;
II) indiretos: são os gastos com materiais, mão-de-obra e gastos gerais de fabricação aplicados indiretamente na fabricação dos produtos. Não integram os itens produzidos e é impossível identificar seguramente a quantidade e valor em relação a cada bem produzido.
Regra geral, os materiais e a mão-de-obra concorrem de forma direta nos custos dos produtos, embora possam aparecer também de forma indireta.
Em relação ao volume de produção, os custos se classificam em:
I) fixos: são aqueles que permanecem estáveis independentemente de alterações no volume da produção; Exemplo: aluguel, água para consumo pessoal e limpeza, etc.;
II) variáveis: são aqueles que variam em decorrência do volume da produção. Quanto mais itens forem produzidos, maiores serão estes custos.
2.2 SISTEMAS DE CUSTEIO. Existem vários, sendo os principais:
I) direito ou variável: contempla como custo de fabricação os custos diretos ou variáveis. Os custos indiretos integram o resultado, juntamente com as despesas. Não é aceito para fins fiscais ou tributários, pois diminuem o resultado;
II) custeio por absorção. Contempla como custos de fabricação todos os custos, sejam diretos ou indiretos. Somente as despesas vão para o resultado.
3. CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO – CIFs compreendem os gastos com materiais, mão-de-obra e gastos gerais de fabricação aplicados indiretamente na fabricação dos produtos. Uma de suas características é beneficiar a fabricação de vários produtos ao mesmo tempo, motivo pelo qual se torna difícil uma segura identificação de suas quantidades e valores em relação a cada unidade produzida.
Base de rateio é a medida que serve de parâmetro para distribuição dos gastos indiretos aos produtos. Tanto os rateios dos gastos em despesa e custos quanto os rateios de custos indiretos de fabricação aos produtos são feitos proporcionalmente em função da medida escolhida (taxa em dinheiro, porcentagem).
Os principais gastos classificados como custos indiretos são:
I) Materiais indiretos (materiais secundários, auxiliares, de escritório, informática, higiene e limpeza...);
II) Mão-de-obra indireta – MOI (salários, aviso prévio, décimo terceiro, FGTS, INSS...);
III) Gastos gerais de fabricação indiretos (água e esgoto, aluguel, combustíveis, telefonia, conservação predial, depreciação, estacionamento, tributos...)
3.1 CUSTEIO DEPARTAMENTAL. É um sistema de atribuição de custos indiretos aos produtos por meio de departamentos, que são as menores divisões, seções ou setores do estabelecimento empresarial. Classificam-se em departamentos produtivos e de serviços. A margem de erro de atribuição dos custos indiretos aos produtos é bem menor quando se adota o custeio departamental.
3.2 CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES – ABC. É um sistema de custeio que se caracteriza pela atribuição dos custos indiretos aos produtos por meio de atividades, que são combinações de recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos.
4. CUSTO PADRÃO. É um custo estimado, ou seja, calculado antes mesmo de iniciado o processo de fabricação, fundamentado sempre em custos de produções anteriormente realizadas. Por sua vez, o custo real ou histórico é aquele apurado após concluído o processo de fabricação. Orienta na fixação do preço de venda e otimiza o processo produtivo. É fixado segregadamente para materiais, mão-de-obra e gastos gerais de fabricação, em valores e quantidade.
5. MÉTODO UEP. A Unidade de Esforço de Produção – UEP. O custo de transformação é atribuído a cada unidade de produto fabricado com base no esforço despendido pela empresa para a fabricação. O custo de transformação representa o valor que a empresa agrega ao custo da matéria-prima. São a mão-de-obra direta e indireta e os gatos gerais de fabricação diretos e indiretos. Assim, custo de fabricação = matéria-prima + custo transformação.
6. OUTROS MÉTODOS:
I) produção por ordem: o controle dos custos de fabricação ocorre por meio de ordens de serviços ou ordens de produção. Nessa produção sob encomenda, os gastos serão atribuídos a cada produto nas indústrias de máquinas pesadas, construção civil, etc.;
II) produção por processo contínuo ou em série: os produtos passam por diversas fases de produção (setores), onde são gerados custos diretos e indiretos (setores de bebidas, confecções, veículos, etc. O controle do custo é feito por lote, grupo ou linha de produção;
III) equivalente de produção: é a quantidade de produtos acabados que equivale à quantidade de produtos que se encontra em elaboração. Tem por objetivo permitir o rateio dos custos incorridos na produção do período uniformemente, tenham sido ou não concluídas as unidades (todos são considerados produtos acabados).
7. MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA. É a diferença entre a receita bruta auferida na venda de uma unidade de produto e o total dos custos incorridos na fabricação desta unidade, o qual deve cobrir todos os gastos e gerar lucros ou dividendos. Para cálculo, consideram-se apenas os custos variáveis (diretos). Os custos fixos (indiretos) são tratados juntamente com as despesas. Fórmula: MCU = RBU – CVU.
MCU: margem de contribuição unitária
RBU: receita bruta unitária
CVU: custos variáveis unitários
8. PONTO DE EQUILÍBRIO. É a situação alcançada pela empresa no momento em que as receitas totais se igualam aos custos e despesas totais, não havendo lucro ou prejuízo. Fórmula: PE = CDT.
PE: ponto de equilíbrio
CDT: custos e despesas totais.
9. Após o encerramento do processo de fabricação, os produtos acabados serão transferidos para o almoxarifado/depósito, ficando estacados até que sejam vendidos. Recebem toda a carga dos custos diretos e indiretos incorridos durante o processo de produção. Os iniciados em períodos anteriores e encerrados no atual receberão a carga de custos proporcionais.
Usa-se a seguinte fórmula para se conhecer o CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS:
CPV= EIPA + CPAD – EFPA
CPV: custo dos produtos vendidos
EIPA: estoque inicial de produtos acabados
CPAD: custo da produção acabada no período
EFPA: estoque final de produtos acabados
10. Custo das mercadorias vendidas é uma expressão em uso nas empresas comerciais. Corresponde ao valor pago aos fornecedores pelas mesmas mercadorias vendidas aos clientes. Podem ser vendidas mercadorias no próprio período ou dos anteriores. Para se conhecer o custo das mercadorias vendidas em cada período usa-se esta fórmula: CMV= EI + (C + FSC – CA – DIO – A) – EF
CMV: custo das mercadorias vendidas
EI: custos das mercadorias que estavam em estoque no início do período
C: custo das compras efetuadas no respectivo período
FSC: valor dos fretes e seguros pagos no transporte das mercadorias adquiridas
CA: compras anuladas
DIO: descontos obtidos incondicionalmente nas compras
A: abatimentos obtidos em decorrência de avarias no transporte ou por outros motivos
11. Custo dos serviços prestados é uma expressão em uso nas empresas que prestam serviços. Este custo é o valor dos salários e demais encargos do trabalhador que prestou os serviços. Entretanto, ao prestar serviço a terceiros, o prestador, pessoa física ou jurídica, incorrerá em outros gastos que podem variar conforme a natureza dos serviços. E os critérios a serem adotados para se calcular o custo dos serviços prestados são semelhantes aos adotados para se apurar o custo de fabricação em empresa industrial.
12. CÁLCULO DO PREÇO DE VENDA. Para que haja lucro em determinado período, as receitas devem superar os custos e as despesas. Então, o preço de venda de um produto é formado por custo, despesa e lucro. Fórmula: PVU = CVU + CFU + DVU + DFU + MLU.
PVU: preço de venda unitário
CVU: custo variável unitário
CFU: custo fixo unitário
DVU: despesa variável unitária
DFU: despesa fixa unitária
MLU: margem de lucro unitária
12.1 TAXA DE MARCAÇÃO OU MARKUP. É indicador que, aplicado sobre o custo unitário de fabricação de um produto, resulta no preço de venda deste bem. Fórmulas:
I) markup multiplicador: 100 / (100 - %DV + %CF + %DF + %ML)
II) markup divisor: 1 – (%DV + %CF + %DF + %ML/100)
Autor:
Ribeiro, Osni Moura. Contabilidade de custos. SP, Saraiva, 2011.
Resenhado por:
DEUSMAR JOSÉ RODRIGUES
Contador e Advogado
Contato:
www.ottcontabilidade.com.br