Neste texto desejo dialogar com vocês sobre um medo específico, qual seja, o medo de empreender, de ser “empresário”.
 
Para falar abertamente, tenho que superar o meu próprio de medo de não ser entendido e cair no ridículo. Escrevendo estas palavras, penso que inicio a superação.
 
Que Descartes me perdoe de lá do plano espiritual, mas preciso reafirmar que, tenho medo, logo existo.
 
Se o meu ponto fraco fosse somente o medo de falar do medo, estaria eu em melhor posição do que realmente me encontro. Sendo sincero comigo e com vocês leitores, confesso que o medo permeia a minha existência.
 
Tinha medo de não aprender a ler, pois havia muitas pessoas de meu convívio que não liam. Estudei e aprendi a ler.
 
Tinha eu enorme receio de não deixar a situação de miséria, sim aquela situação abaixo da linha de pobreza. Sofri com tal pensamento. Verdade seja dita, trabalhei e estudei muito, e deixei a miséria pra trás.
 
Por aí eu poderia continuar exemplificando com lembranças dos tempos idos. Encurto a resenha e digo que o medo não me abandonou.
 
Tenho medo de deitar e sofrer um ataque cardíaco. Dizem, e eu comprovei vendo amigos partirem, que o enfarte letal costuma ocorrer de noite. Contudo, deito todas as noites, e Deus tem me dado a graça de viver mais um dia.
 
Tenho medo de tomar café de manhã, café preto mesmo, e a cafeína me elevar a pressão arterial. Às vezes tomo, e a normalidade prevalece.
 
Tenho de medo de ser vítima de acidente de trânsito, porém todos os dias conduzo meu carro, trafego ida e volta sem incidentes.
 
Tenho medo de meus negócios não darem certo, e eles continuam crescendo e prosperando.
 
Medo carrego de perder o trabalho e não ter dinheiro para pagar as contas e prover as pessoas que dependem de mim, todavia continuo pagando contas e provendo pessoas.
 
Os piores medos, ao menos para mim, se relacionam com o pavor de perder entes queridos, tais como filhos. Medo incessante e insistente, e a nossa vida segue iluminada.
 
Disse eu tudo isso do fundo de meu coração, e com medo, para novamente frisar que o medo faz parte de minha trajetória neste mundo instável, embora me recorde da lição dos especialistas, que asseveram mais ou menos assim: “sofremos tanto com nossos pensamentos de medo, medo que talvez não venha a ser tornar realidade”.
 
Se o medo impõe limites, porquanto “o titanic afundou por excesso de confiança”, da mesma forma nos faz sofrer inutilmente. As situações temidas poderão nunca acontecer, especialmente quando você se prepara e evolui a cada passo com vistas a enfrentar as inevitáveis adversidades e superá-las.
 
Peço desculpas por não ter antídoto infalível contra os medos! Se me autorizam Vossas Senhorias, acrescento que caminho com medo, mas cominho rumo ao que antes vislumbrei com planejamento prévio, esforço físico e intelectual, e muito trabalho.
 
O medo de empreender pode ser superado com planejamento prévio, conhecimento do público-alvo, tanto externo (clientes, fornecedores, etc.) quanto interno (empregados, terceirizados), capital de giro, inovação no mercado, muito trabalhado focado e resiliência. Faça tudo isso em conjunto com pessoas capacitadas e motivadas. Se errar, aprenda com os erros e não caia neles outra vez.
 
Por outro lado, se você tiver medo de planejar e executar isto tudo, pelo menos estabeleça o negócio e trabalhe mais do que os concorrentes; é melhor errar, se errar, do que nada fazer e olhar pro passado com ares de arrependimento. Aí o sofrimento será duplamente inútil.
 
AUTOR:
DEUSMAR JOSÉ RODRIGUES
 
CONTATO:
www.ottcontabilidade.com.br